MUDANÇAS NA
ATENÇÃO Á SAÚDE
(Imagem da Internet) |
As interações produtivas entre as pessoas usuárias e a
equipe de saúde diferenciam-se das interações correntes, estabelecidas na atenção
às condições crônicas nos sistemas fragmentados, que tendem a ser frustrantes
para ambos os lados que se relacionam na atenção à saúde. Para que as relações
produtivas se instituam entre as equipes de saúde e as pessoas usuárias, alguns
processos de mudanças devem ser implementados no âmbito dessas relações que implicam
transformações profundas na atenção às condições crônicas (MENDES, 2011).
A primeira mudança é da atenção prescritiva e centrada na
doença para a atenção colaborativa e centrada na pessoa e na família. Com isso,
as consultas informativas e fixadas na queixa principal que não são efetivas
nas doenças crônicas passam para atendimentos centrados também na opinião do
usuário. As pessoas deixam de ser pacientes para se tornarem os principais produtores
sociais de sua saúde. Também é necessário um equilíbrio entre a atenção não
programada e a atenção à saúde programada, pois ambas são importantes e cada
uma com sua finalidade. As condições
agudas e os eventos agudos das condições crônicas devem ser respondidos por
meio da atenção não programada porque, em geral, não é possível prever quando
uma condição aguda vai ocorrer. Já as condições crônicas, pelo seu curso longo devem
ser manejadas por meio de uma atenção programada, com atenção agendada
previamente em intervalos regulares e previsíveis. E dessa forma, culmina em um
plano de cuidado elaborado e acordado entre a equipe de saúde e a pessoa
usuária (MENDES, 2011).
Uma terceira transformação para se atingirem interações
produtivas entre a equipe de saúde e as pessoas usuárias na atenção às
condições crônicas está na mudança da atenção uniprofissional, centrada no
médico, para a atenção multiprofissional. A atenção centrada no médico com consultas
curtas não é eficaz nas condições agudas e crônicas, porque não consegue manejar
as múltiplas condições de saúde de acordo com as evidências disponíveis. Já a
atenção multiprofissional, envolve práticas complementares à consulta médica
que permite ações preventivas, cuidados continuados das condições crônicas e
atenção domiciliar. Outra mudança importante é sair do foco da atenção médica
especializada para atenção médica generalista. Esta última tem o foco na
atenção primária com competências para a solução de problemas não
diferenciados, competência preventiva, terapêutica, de gestão de recursos
locais que acarreta na diminuição de internações hospitalares, reduz custos da
atenção à saúde e o fluxo de usuário em serviços secundários. Assim, a atenção
médica especializada realiza atendimento das doenças em estágios avançados ou
após encaminhamento do médico generalista (MENDES, 2011).
Uma quinta mudança importante consiste em buscar um
equilíbrio entre atendimentos profissionais presenciais e não presenciais. Em
alguns atendimentos, a atenção presencial torna-se custosa e não são necessárias.
Nesses casos, a atenção não presencial com monitoramento a distância, por meio
de telefone e internet, de portadores de condições crônicas seria eficiente.
Outra mudança é a busca de uma relação adequada entre os atendimentos
profissionais individuais e os atendimentos profissionais em grupos. A atenção
em grupos, compostos por pessoas com condições de saúde semelhantes e vários
profissionais de uma equipe de saúde, diminui as consultas com especialista, as
internações hospitalares, a demanda em serviços de urgência e emergência (MENDES,
2011).
Uma sétima mudança importante para tornar produtivas as
interações entre as equipes de saúde e as pessoas usuárias dos sistemas de
atenção à saúde consiste em desenvolver atividades de grupos de portadores de
condições crônicas, conduzidas por pessoas leigas portadoras dessas condições. É
importante porque algumas pessoas detêm conhecimento maior com relação a:
experiência com a condição crônica; as circunstâncias sociais em que essa
condição se dá; e as atitudes frente aos riscos, aos valores e às preferências
individuais. Dessa forma, ajudam outros pacientes na mesma condição à entender
várias situações. Por fim, a última mudança é introduzir, além do cuidado
profissional, o autocuidado apoiado. O autocuidado apoiado sustenta-se no
princípio de que as pessoas portadoras de condições crônicas conhecem tanto
quanto, ou mais, de sua condição e de suas necessidades de atenção, que os
profissionais de saúde (MENDES, 2011). Os principais objetivos do autocuidado
apoiado são gerar conhecimentos e habilidades dos portadores de condições
crônicas para conhecer o seu problema; para decidir e escolher seu tratamento;
para adotar, mudar e manter comportamentos que contribuam para a sua saúde;
para utilizar os recursos necessários para dar suporte às mudanças; e para
superar as barreiras que se antepõem à melhoria da sua saúde (MORRISON, 2007).
Referência:
MENDES,
E.V. As Redes de Atenção à Saúde. Organização
pan-americana da saúde – representação Brasil, Brasília, 2011.
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