Mudam-se os tempos, mas e a saúde?





A sociedade está em constante transformação, mudando de uma sociedade industrial para uma capitalista e depois, atualmente, para uma sociedade informacional. De um lado há a disciplina do desempenho, pautado no modelo de homem capitalista, na qual é marcada pela proibição e negação, havendo uma vigilância constante. Por outro lado, há a sociedade do desempenho, característica do modelo informacional, na qual há a auto cobrança, formando indivíduos depressivos e ansiosos.

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Entretanto, segundo Donnangelo, o qual iniciou os estudos sobre a profissão médica, o mercado de trabalho em saúde e a medicina como prática técnica e social, a medicina ela tende a manter uma neutralidade, focando no caráter de cientificidade e sua função social, preocupando-se com a cura. Porém, para analisar a pratica médica é necessário romper essa neutralidade, e observar todos os campos da prática indo do saber médico ao produto de trabalho e as formas de organização. A prática médica será dividida em dois setores: o aumento na quantidade de serviços e incorporação da população ao atendimento e o segundo em relação as condições gerais de vida, mostrando ser relevante tanto o cuidado individual quanto o coletivo. Contudo, observou-se na sociedade capitalista haver uma exclusão de cuidados de uma classe social, indo contra uma medicina de todos.
 Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, o acesso a saúde era restrito a trabalhadores com carteira assinada vinculados a Previdência Social, entretanto, a partir do SUS foi instituído que “A saúde é um direito de todos e dever do Estado”, conseguindo alcançar um maior número de pessoas. Entretanto, ainda é um sistema com falhas, não conseguindo ainda ter a eficiência desejada, não tendo total eficiência tanto no âmbito do cuidado individual tanto no coletivo. Infelizmente, assim como Donnangelo citou a existência do cuidado diferencial para diferentes classes sociais, ainda há uma classe que possui mais acesso a saúde e uma que precisa ficar horas esperando para agendar um atendimento que só conseguirá ser agendado para uma data bem distante da desejada, além de muitas vezes faltar estruturas, equipamentos e até mesmo a equipe de saúde. Sendo assim, mostra-se mudam-se os tempos, o tipo de sociedade, porém, infelizmente, a saúde ainda não é um benefício de todos, ferindo a neutralidade que deveria ser mantido.

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DONNANGELO, M. C. F.; PEREIRA, L. A medicalização da sociedade. Saúde e Sociedade. São Paulo: Duas Cidades, 1976.p.30-47


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